Mira Schendel, o corpo e a alma

A introdução da transparência através da utilização do papel de arroz japonês e das placas de acrílico, onde se vê em simultâneo a frente e o verso, são para Mira uma tentativa de imortalizar o fugaz e em dar significado ao efémero. A transparência revela-se aqui como uma existência imaterial (que contrasta com a opacidade das suas telas), que elimina o tempo e o espaço e faz uma aproximação do que está para além. A estrutura da consciência do ser passa a ser fluida. E também trás à memória o conceito de “Obra Aberta”, introduzido por Umberto Eco no início dos anos sessenta – onde se admite a noção de que objeto artístico é múltiplo, e infinitamente interpretável, sendo capaz de receber de cada uma das personalidades interpretantes o seu modo de ver, de pensar, de viver e de ser. Continuar a ler…